Siglas e nomenclaturas que não têm nada a dizer

Você já entrou na era da Meta-competência 3.0? Você se considera um Guerrilheiro Empresarial da Geração Alfa? Você possui a competência RAP – Resiliência, Atitude, Perseverança? Se não, meus parabéns! Você é um profissional absolutamente normal, pragmático, que não se deixa levar por modismos. E você não é um dinossauro corporativo como se costuma propagandear por ai. Digo isso, pois percebo cada vez mais uma estranha necessidade em segmentar os profissionais em siglas, nomenclaturas e termos pseudo-acadêmicos, sem que ao menos expliquem o motivo. Os jovens profissionais que chegam hoje ao mercado de trabalho fazem parte da famosa geração Y, mas afinal, o que é a geração Y? Pela minha idade, 35, devo ter sido da geração T, sem que ao menos ficasse sabendo…Pior será para as próximas gerações, já que agora só falta a letra Z em nosso alfabeto. Quem sabe os criadores de siglas não partam para o alfabeto grego? Meus filhos provavelmente farão parte da geração µ.

Ironias a parte, o fato é que criou-se um moda (nem tão recente) de tentar inventar a todo tempo uma nova sigla que queira dizer alguma coisa nova que na verdade não o é. Pessoas competentes, comprometidas, eficientes, criativas já possuem palavras que a definam, ou seja, aquelas que já constam no dicionário e acabaram de ser escritas. Juntar uma série de características pessoais em um grande balaio de adjetivos e devolver em forma de uma rotulagem simplista qualquer me parece ser uma grande estupidez. Sou e sempre serei entusiasta da simplicidade e da objetividade, provável resquício – ou consequência – da minha formação publicitária. Falar o que deve ser dito, com a mais profunda clareza, e sem grandes delongas. Criar termos que nada acrescentam ao entendimento não me convencem e o que deveria surgir com o objetivo de simplificar (afinal siglas são feitas essencialmente pra isso) no final acabam apenas complicando.

Historicamente alguns termos foram criados e de fato ajudaram ao entendimento geral sobre diversos assuntos, sejam eles no terreno social, profissional ou político. Cito como exemplos válidos em cada um dessas áreas os “Baby Boomers”, os “Yuppies” e os “BRIC’s”. Quem conhece um pouco de história sabe imediatamente do que se tratam e sem grandes explicações, no que se resumem. Dessa forma podemos dizer que tinham sua utilidade. A questão a que me refiro é da horrenda mania de tentar a toda hora entrar no panteão dos “criadores de siglas”, buscando através da “tentativa e erro” emplacar um termo qualquer que entre para a história, principalmente no mundo corporativo.

Para encerrar posso dizer que já fiz a minha parte nessa história toda. Em vez de criar mais uma sigla que de alguma forma explique esse tipo de fenômeno, vou usar uma expressão bastante conhecida e que resume com clareza o que quero dizer: a mais pura e simples idiotice. Esse termo com certeza já pegou.

Por: Carlos Jenezi, especialista em marketing e desenvolvimento de produtos, e articulista da Plataforma Brasil Editorial,